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Nair é a esperança que sempre se renova



Elegante, de sorriso tímido e perguntando a todo momento se está “bem para a entrevista” ou “para tirar foto”. É sempre assim que costumamos encontrar dona Nair Moreira, seja no saguão do Hospital para buscar medicamento ou como voluntária do Grupo Luta Pela Vida. Quem a vê tão bem disposta, não imagina o tamanho da batalha que ela já enfrentou contra um câncer de mama.


A luta começou em 2012, após fazer a mamografia preventiva. No dia do exame, no Hospital de Clínicas, ela já percebeu algo errado. Depois de muita demora, a própria médica que realizou o exame pediu para falar com a aposentada. “Me perguntou quando eu voltava no meu médico e eu disse que só o dia que Deus quisesse, porque era consulta na UAI (Unidade de Atendimento Integrado), então era algo enrolado. Aí a doutora falou “ah, porque não tem muito tempo”. Eu fiquei meio assustada. Ela não me explicou claramente, só perguntou se eu poderia voltar em alguns, que ela deixaria os encaminhamentos do que eu deveria fazer”, relembra.


Não desistir jamais


Nair conta que um dos filhos foi quem buscou os exames, e depois de alguns dias a acompanhou no médico que ela consultava. Veio então a confirmação que ninguém quer ouvir. “Dona Nair, deu câncer”, foram as palavras que ela ouviu do médico no dia que teve o diagnóstico. “Na hora, chão caiu pra mim”, afirma. A sensação foi inevitável, mesmo depois do especialista explicar que o tumor estava em estágio inicial e se tratava, naquele momento, de um “carocinho”. A descoberta do câncer de mama de dona Nair foi considerada precoce, mas só foi possível porque ela sempre fez o exame de mamografia anualmente.


Na volta para casa e junto com o filho mais novo, o baque foi ainda mais forte. “Eu falei pra ele, Edu, a mãe não quer viver mais. Esse trem tá esquisito, vou deitar e quero dormir o resto da vida”, conta. Mas com a ajuda da família e um pouco mais tranquila, Nair pensou com mais calma e decidiu buscar forças. “Eu falei para mim mesma que não ia me abater e iria em frente”.


Com mais coragem, foi encaminhada para o Hospital do Câncer e deu início ao tratamento: cirurgia, quimioterapia e radioterapia, sendo esta última a parte mais demorada, uma vez que há mais de 10 anos, o Hospital do Câncer não tinha uma maior opção de aceleradores lineares como hoje. “Todos foram muito bacanas comigo, me receberam muito bem. Do porteiro até [as pessoas] lá dentro. Esse afeto fez toda a diferença no resultado do meu tratamento. Porque você entra e já falam “Oi, tudo bem? Como vai a senhora? É muito gratificante.”


De paciente a voluntária


Enquanto se tratava, a aposentada teve contato não apenas com o corpo clínico do Hospital, mas também se encantou com a equipe de voluntários. “Na época do tratamento já pensei em me inscrever para começar a fazer também”, pontua. Entretanto, segundo as normas do voluntariado, só poderia entrar para o trabalho voluntário após a fase mais densa de quimio e radioterapia. Depois que finalizou as 36 sessões de radioterapia, Nair pôde dar início a outra fase dentro do Hospital: como voluntária da equipe de lanche. “Fiz muita amizade lá, conheço todo mundo praticamente. É algo muito maravilhoso. Volto para a casa muito bem!”


Desde que encerrou a radioterapia, dona Nair tem consultas médicas recorrentes e continua tomando a medicação indicada. Mas a esperança e a confiança dela sempre se renovam. “Se Deus quiser termina esse ano!”.

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