
Se atualmente você entrar na brinquedoteca do Hospital do Câncer e enxergar um garotinho agitado e debruçado na gaveta de carrinhos, provavelmente você estará prestes a conhecer Pedro Lucas. Naquele universo lúdico do Hospital do Câncer em Uberlândia, o garotinho de três anos parece saber equilibrar muito bem a euforia de estar cercado de tanta cor, brinquedos e crianças com a conformidade em ser um jovem paciente acometido com um tipo de leucemia.
Há um pouco mais de um ano, Pedro Lucas tratava o cansaço que sentia, os hematomas que apareciam inexplicavelmente em seu corpo e alguns momentos de febre como distensão muscular. Um dia, ao passar muito mal, sua mãe o levou para o médico e, após alguns exames, o garoto foi diagnosticado com leucemia linfóide aguda, um dos tipos da doença. Em outubro de 2019, a carismática criança iniciava seu tratamento no Hospital do Câncer em Uberlândia.
“São os pais quem sofrem. Ele sabe que tem que vir levar uma picadinha da agulha, mas o Hospital para ele é esse universo da brinquedoteca. É a família que absorve toda a parte difícil.”, relata Thaine Soares, mãe do Pedro Lucas. Ela conta que, ao receber o diagnóstico do filho, ela se sentiu totalmente perdida, mas que aos poucos foi se apoiando em informações e em grupos de mães de pacientes oncológicos. A mãe lembra que o ciclo de internação, no qual Pedro Lucas ficava internado ao menos sete dias todos os meses, foi o mais difícil de todos.

A preocupação com a saúde do garoto tomou uma outra proporção quando nos primeiros meses da pandemia, Pedro Lucas e sua mãe testaram positivo para COVID-19. Apesar de possuir uma imunidade menor por conta do tratamento oncológico, a criança não apresentou fortes sintomas da doença e passou por mais esse desafio a sua força e alegria de sempre.
Nosso pequeno paciente possui sangue de campeão correndo nas veias. Ele é bisneto de Pedro Soares, o Pedrinho, ex-jogador, treinador e lendário motorista do Uberlândia Esporte. O pequeno garoto mostra sua genética no cotidiano driblando as comorbidades da leucemia, se mantendo sempre alegre, curioso e carismático. “Eu faço questão de criar Pedro Lucas de uma forma muito livre. Não imponho limites por conta do câncer”, conta Thaine.
Hoje, Pedro se encontra no ciclo de manutenção de seu tratamento. A parte mais difícil já passou. A mãe faz questão de filmar, fotografar e registrar cada etapa deste processo. Segundo ela, não quer que o filho se torne um adulto que enxergue o atual momento como um apagão: “É a história dele. É período complicado, mas quero que ele se lembre de toda a história da vida dele. Ele passou por isso e passou com muita alegria e disposição”.